Mas aqui estou, sei lá a tentar encontrar assunto que não seja a filha, a maravilha do crescer da filha, o impressionante ritmo de crescimento da filha e por aí em diante, mas ontem deram-me 28 anos!!! E no regresso dum fim de semana em Cape Town, com toda a logística que é viajar com um baby de 7 meses (aquecer a sopa em água quente porque os aviões estes que andamos 737 do século passad, não etm outra forma – um clássico- as fraldas e o sono etc), as olheiras e a tal de coluna (doença !? portuguesa de eleição) que verga que nem vinha, final do dia bébé moída e mesmo assim acharam que eu tinha para aí uns 8 anos menos. É que todos sabemos a diferença que faz ter 28 ou 36. Ou não é???
Inspirou-me. Não pelo ego, mas tão só pela saudade de mim mesma. Ciosa e ansiosa do meu espaço, lembro-me pouco antes de rebentar uma filha na minha vida (e desejada como cereja) de ter escrito qualquer coisa do género “...vamos lá ver o que sobra de mim....” ! E a bem da verdade, é que não sobrou até hoje, NADA. A não ser o carácter.
Nem espaço, nem vontade. Tudo mudou. Mudança radical, mudança brutal. O que não mudou mesmo foi o meu carácter, acentuado os bons e os maus (ai...), nada mudou no espírito de aventura, na sede do conhecimento e do contacto cultural que me faz respirar, que me faz viver. Nada mudou no radicalismo do desporto – que me excita e que se torna meio perigoso, já que penso na forma como posso levar a minha fofa comigo aos great whites (é verdade, essa paixão não passa) – nada mudou na forma como vejo o mundo. Tudo mudou no sentir. Ah, aí sim. Sou outra que nem me conheço. Virei leôa, virei galinha, virei águia. Cresceram-me garras, penas e sentido apurado para o perigo e para a caça. O que não melhorou muito foi o sentido de ser doméstica, que nunca tive, mas que tenho de praticar.
Desfasada, do social do meio comercial agressiva que era, vejo hoje o tempo e esforço que gastei em tanto que nada me deu. Apenas um caminho, pesado, rico na experiência mas fraco no lucro. E para poeta, chegam os poetas. Já nem sei poetisar, forma de expressão que marcou, aliás o meu regresso a esta língua que adoro. Tempos idos do colégio académico aí para os lados do saldanha, onde pela primeira vez ouvi falar em Camões!
Os 28 anitos que me deram, mesmo depois de ter tido uma filhota (diga-se já quase não cabe no meu colo grande que é), a vida meio cansada que tive, refrescaram-me as inspiradas sinapses. Fulled it. Não sei se estou a assumir um regresso ou se o desejo, mas a vontade de escrever é, como sempre foi, grande, intrínseca e com uma vida própria.
Terei que espalhar algumas frases sobre a patusca. Impossível não o fazer, mas outros assuntos tenho para aqui deixar. Até porque muitos dos assuntos que têm origem na chegada dum filho na nossa vida, nada têm a haver com eles mas com a nossa própria cadência.
segunda-feira, outubro 09, 2006
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2 comentários:
Olá Tina
pelo que percebo também é mulher e também em moçambique, não? assim já não serei a única. Obrigada pela visita e explico: não parei, apenas preferi por 7 meses dar-me à minha filha incondicionalmente :)
Olá Avó da Patusca`
És persistente, já que me visitas ainda ao fim de todo este tempo....!
Bjinhos para ti vóvó
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