terça-feira, janeiro 17, 2006

É estranho que nenhuma das maravilhas

do mundo seja uma – a de dar vida. O da procriação, da continuidade, da geração de um ser. Muito estranho. Mas agora sei porquê.

Estou completamente rendida à minha total limitação, mais física que mental. Apesar de nos últimos dias andar meio esquecida, meio navegante sobre os dias, meio aparvalhada com toda esta condição.

Entrei para o meu oitavo mês de barriga e o assunto ficou sério, senão vejamos: deixei de ter vontade (seja do que for para além de fome), passei a estar demasiado pesada (apesar de estar com 11kgs a mais e ao que se diz muito pouco, YA!!!), a barriga parece que vai explodir a qualquer momento, subiram níveis de sensibilidade que mais parece um drama, tudo o que me era simples fazer é agora muito difícil, um estado de alerta impressionante, uma falta de paciência atroz, a ansiedade que estremece a confiança, a dificuldade do movimento, meu deus o levantar é impossível.

Qualquer coisa é melhor do que estar neste estado de graça, que de graça não tem absolutamente nenhuma, é preciso acreditarem. Enquanto comia um croissante e vejo uma barriga entrar, com mais dois catraios já cá fora, reflito para o meu rapaz:

“o respeito que tenho hoje por uma barriga, a compreensão faz com que passe a outro pensamento. A ciência deveria evoluir o suficiente para que os homens passasem a ter a barriga, já que fisicaemente estão muito mais preparados do que nós”

Aprendi há dias que o único macho na natureza a carregar uma barriga, não de uma cria mas no mínimo de 100, é o cavalo marinho. Animal sensível, pequeno mas que “oferece” à fêmea a sua barriga para carregar e dar à luz. Recebe dela os ovinhos fecundados e já está, fica barrigudo. Não se conhece mais nenhum macho a fazê-lo.

Meu rapaz, diz-me então com suavidade “se soubesses que seria assim terias filhos na mesma?”, pergunta difícil mas pertinente, muito pertinente. A resposta (original) foi “nim! Teria sim um filho, não mais. A barra é demasiado pesada para sequer entender quem tenha 16 filhos. Arrasto a responsibilidade de poder gerar vida neste meu corpo, mas pago um preço elevadíssimo”.

O meu traseiro, sei-o agora andava meio desconfiada da sua função além da biológica, serve de estrutura sustentável para todo o peso. Como é que não haverá de crescer? Digam-me lá. E quem diz que é proporcional? Hein?

É passageiro dizem-me as mulheres, um passageiro que no mínimo o último trimestre leva-nos a mal-dizer muitas coisas.

Um amigo dizia esta noite “então Passada estás bem?”
Respondi “Estou sim, e tu?”
Amigo “Eu não estou grávido!!!”

Não se apoquentem, as mulheres que me vão lendo porque isto é passageiro, uma passagem para a outra margem.

1 comentário:

Passada disse...

Olá Laura
Gosto do teu positivismo, apesar de até saber qual a hormona que nos faz esquecer e tudo. Mas certo, certo é que a coisa pesa "literalmente" em todas as partes do meu corpo! :)
Beijinhos