terça-feira, janeiro 17, 2006

Não leiam isto!

Sei que evoluimos muito, de há uns 200 anos para cá nada é como dantes. A todos os níveis. Mas mesmo com toda a nossa evolução, há uma área onde a mim me parece bastante primitiva na sua abordagem – a ginecologia. Mesmo com os avanços.

Eu explico. À medida que se aproxima a hora do parto, existem uns pormenores esquisitos de todo o processo de nascimento que me fazem arrepiar. Porque sou mulher mas talvez pior ainda porque sou reservada a tudo o que diga respeito ao meu corpo. Vamos aos detalhes.

Uma mulher passa por uma série de dores que a impossibilitam sequer de comandar ou melhor controlar o seu corpo no parto, mas nem por isso deixa de pensar nos pequenos “quês” e que a fazem sentir-se algo “invadida” e impotente para dignificar a sua intimidade.

Vontade de fazer (como é que preferem: cócó ou fezes?) uma necessidade – para isto à resposta eficiente aplicando o clister. Depois só temos é que acertar com a retrete, certo?

Necessidade de se “rapar” os pelos pelo risco de infecção e incómodo enquanto a cria vai saindo – para isto devem chegar ali à zona e zás, rapam (será que terei sequer vagar para ver se a gilete é safe?

No caso da cesariana (o meu já que a minha filha sai em tamanho ao pai, o que quer dizer GRANDE), ainda temos de pensar na algalia – que doi, é incómoda e só retiram horas depois da operação. Vamos (como é que preferem mijar, fazer xixi ou urinar) fazendo a necessidade na cama para um saquinho herméticamente fechado.

O toque – o maldito toque. Será que preciso dizer alguma coisa a este respeito. É como as idas à ginecologia: papa-nicolau, palpações (para não dizermos claro apalpações) da zona, dos peitos – enfim toda uma área bastante íntima e que não há como contornar. Lá vou escolhendo mulheres que sempre reduzo o risco, mas com a homosexualidade hoje em dia nunca se sabe bem.

Abrir pernas – esta também me mata e não há como contornar a coisa. É por ali que a cria sai. No meu caso valha-me a cesariana.

Amamentar – a enfermeira (só testemunhei) chega-se ao peito, escolhe um deles como se do nosso corpo não tratasse, agarra literalmente nele (uma pessoa que nunca vimos antes) e vai metendo na boquinha da cria, olhando para nós com o ar mais corriqueiro deste mundo. Quantas mamas não deve ela ou ele agarrar por dia. Eu é que não tenho a mesma experiência, não é assim?

Não estou a colocar maldade nisto, atenção. Mas é preciso que se entenda o que poderá querer dizer uma ida à ginecologia ou passar por um parto.

Há dias, no zapping televisivo enquanto aguardava as noticias da RTPi, espequei ante a apresentação duma família imensa portuguesa, na praça da alegria onde a avó centenária (parteira ela própria, assistiu-se a ela própria!!!) dizia assim para uma das filhas (teve 15 deles, credo) o seguinte:

“Oh filha, não grites porque não gritaste para o fazer” - pois.

2 comentários:

Xana disse...

Pois, dignidade é um conceito muito relativo nestas circunstâncias ... mas como dizia já não sei muito bem quem se queres ser feliz não aprofundes ;-)

Passada disse...

Touché! Oh Xana, o que me vale é que estarei a lidar com anglosaxónicos e neste caso até pode ser que me safe com o "birth plan" e será lá que irei manifestar alguns desejos dignificadores. Só não resolve bem a questão das idas à ginecologia. Obrgada pela tua visita, tentei ir ao teu blog mas não aparece a morada.