terça-feira, abril 05, 2005

Papa João Paulo II – fez-me retirar

Nasci católica, era ainda muito nova. Por baptizado, por tradição, por peso familiar, porque é assim. Mas se bem me lembro, ou por outras se bem não me lembro, nunca foi porque eu tenha escolhido. Este é o pressuposto.

O percurso de vida fez-me até estudar em entidades altamente religiosas, não católica. Era um colégio protestante, um pouco mais liberto do peso moral. Do pecado. Foi talvez esta a palavra religiosa que me tenha feito confusão, na filantropia, na humanidade e porque não na cultura, a antropologia. Peca-se. Por isto e por aquilo, mas peca-se.

Contudo, apesar de ter sido praticante, hoje claramente não o sou. Entretanto dei voltas à minha religiosidade, mas estranhamente nunca à minha espiritualidade.

Deixei de crer na simbologia. Faz ela tanto, parte do meu dia-a-dia. E nem sei se conseguiria ser capaz sem viver com ela – a simbologia.

Comecei a ler e tive, característico da minha geração muita cena televisiva, a cobertura, o acompanhamento, o saber deste e daquele. A abertura sem dúvida que desviou passivamente mas consistentemente o meu foco religioso.

Cresceram comigo imensos momentos históricos, onde sentada em muitos deles, no conforto do meu sofá, os via. Outros foram vividos. Custou-me não ter estado na plateia de Armstrong, acabava de nascer e a minha visão não comportava tanto desenvolvimento.

Mas vivo estes momentos, cada um à sua emoção, de uma forma muito intensa.

O Papa João Paulo II, fez-me retirar, na certa. De todos os meios que aqui recebo, a CNN (de novo) é a que para mim cobre com uma forma noticiosa menos pesada e me tem dado a sua passagem à outra margem (com os devidos direitos ao Rui Reininho) de uma forma simples e abrangente.

Mas o que me fez parar, não foi a CNN (outras foram ouvidas e vistas com atenção, quanto mais conhecimento...) foi o papa.

Pela tolerância que vejo nas pessoas, o respeito civico possível no meio de milhares de almas, o carinho, a vontade, o retiro, a entrega, a paz.

Confesso que os sapatos não assentavam naquele todo. Qual cabedal Italiano.

O Papa fez-me retirar. Pensar. Mas acima de tudo ele promoveu uma pertença que este mundo não me anda a dar. Não, não falo de religiosidade. Falo da entrega.

Os números impressionam, os trajes também, a cronologia e o seu caminho.

Faço a mesma pergunta que o Papa fez a Deus, num dos seus versos: “Quem és tu?”

3 comentários:

Madalena disse...

Passadita querida, um beijinho para ti!

Pitucha disse...

Gostei muito do teu texto. Também fiquei marcada pelo Papa João Paulo II, pela sua personalidade e pela fé com que viveu a sua vocação. No fundo, acima dos ditames da religião (qualquer que seja) está o viver segundo a nossa consciência e isso, pelo menos para mim, levanta-me por vezes problemas para assumir uma certa coerência. Beijos e bebe uma Manica por mim (bem fresquinha) :-)

Pitucha disse...

Vai ao meu blogue! Está lá um apelo a que regresses à blogosfera!
Beijos