segunda-feira, março 28, 2005

Minha alma chora hoje.

Não, descansem não há mortes de pessoas ou cadelas, não há leites derramados, nem montanhas derrubadas para fazer uma auto-estrada, nem um cliente mal disposto que me prova que a injustiça e a maldade acima de tudo invejosa existe, não, descansem. Não é nada disso, não derramou ainda mais nenhum petroleiro, mas continuam a morrer milhares sob pretexto de.....! Não, não é nada disso, não engordei, nem me cresceram os pelos mais grossos, não, não é nada disso. Não perdi amigos, nem parentes, não descobri nada de mais, não, não é nada disso. Não houve nem decepções nem escorregadelas na banana, nem isso não, não me feri. Não houve bébés de cinco meses a serem violados (hoje...!), nem assaltos à mão armada, atropelamentos ou corrupções. Houve sim, mas não de ninguém que eu conheça, não, não é nada disso. A minha Zaca está com 5kgs e recomenda-se, coitada sofre de tédio puro, não, hoje não senti que tivesse de chorar por nada nem por ninguém.

Hoje, choro porque descubro a horrorosa sensação de perder tudo num fogo, num incêndio. Calma, casa está inteira, mas o armazém que guardava cerca de 7000 revistas dos últimos anos, prova da sua existência, queimaram e com elas um peso que não é coberto por seguro nenhum acorda como se de mil toneladas esmagassem a minha alma. Testemunhos de pessoas, testemunhos de Maputo dos últimos 4 anos, do seu quotidiano, da vida duma revista viraram cinza.

a mensagem: tive um incêndio este sábado....as QP queimaram todas...

Não há dinheiro nenhum no mundo que me devolva aquilo que foi queimado e mais grave ainda, não há nada que me devolva o que tive e por tantos dias desprezei, tendo como "existente" ali no armazém, até ao momento em que vira cinza.

É a construção que se queima, é a hegemonia duma equipa que se queima, é a sua vida que se queima, é a alma que se queima. É o seu passado que se queima.

Não se trata de vinganças nem de nada apenas a sua altura de acontecer.

Com elas morreu uma muito grande parte da alma que é a QP.

Agora renasce...das cinzas. E a minha alma chora hoje de saudade.

8 comentários:

Madalena disse...

Passadita querida, se a tua alma chora, a minha ajeita-se a ombro e chora também. Um beijinho
(Espero que desta vez funcione o comentário!)

Nelson Reprezas disse...

Pode parecer uma pergunta estúpida... a Gráfica não tem cópias? Provas? Não há forma de recuperares????
Beijo grande

Pitucha disse...

Tenho pena do que aconteceu. Sera mesmo irrecuperável, neste tempo informático e de back ups?
Desculpa a ignorância da distância, mas que revista é a QP?
Gostava de conhecê-la.

Passada disse...

Mada, Espumadamente e Pitucha - obrigada. O custo para re-construir esse legado seria demasiado elevado. Não se justifica e esta impressão é digital, não existem fotolitos apenas chapas. Pitucha, meu email está no profile, se me mandares a tua morada terei todo o prazer em enviar-te uns exemplares, será a melhor maneira de explicar. Beijonhos a todos

Carlos Gil disse...

Entendi a dor, senti-a contigo se tal é possível. Um ombro, um braço amigo, toma!

Passada disse...

C.Gil - percebi bem que a sentiste, foste buscar um pouco dessa história. Obrigada.

JPT - voltaste de Nampula? Voltaste ao mundo? QBom!! Dizer? Pois, o quê? Obrigada Bjinho

Cacusso disse...

Choro contigo, amiga!

Nada de novo na frente ocidental disse...

É triste...horrível, sem palavras mais...

Não há nenhuma solúção com a Gráfica?

Força!
Beijinho.