quarta-feira, janeiro 12, 2005

As viroses de novo.

É que quando os médicos não sabem, não diagnosticam como deve ser, seja por estarem fartos, cansados, ou não tenham as estruturas para bem atender - chama-lhe de virose. O que aconteceu ontem quando andei uma série de horas às voltas com uma criança de 6 anos e que já vai no quarto dia de febre e com dor de garganta e depois de um médico ter diagnosticado uma amigdalite e outro que apenas mandou fazer testes, sem qualquer base dado que quando fomos levantar os resultados do hemograma, não estava pronto. Isto quer dizer que o médico receitou um antibiótico para tratar um "virose" que ele próprio desconhecia as causas. A médica amiga, descobre que é uma infecção bacteriana, tem foco de pneumo-bronco-qualquer-coisa nos dois pulmões e uma afta na garganta! Não podemos esquecer que ainda não passaram 20 dias desde que morreu uma sobrinha minha com 10 anos exactamente com os mesmos sintomas. Entretanto, por todo o Maputo vou ouvindo que anda por aí uma virose chata, com sintomas de gripe forte, parecido com a malária e tal, adultos e crianças e faz-me alguma comichão quanto à forma como se passam por "epidemias" sem que se saiba rigorosamente nada. A empregada que levei ao hospital com malária, já voltou a trabalhar, tinha malária mas não poderei esquecer nunca o que disse um enfermeiro já de idade no Polana Caniço "anda aí umas febres, que não sabemos bem o que são!" Mas não é malária. Do grupo da Ponta do Ouro de 8 pessoas 4 já ficaram afectadas, representando 50%. Número muito elevado. Dos quais 3 crianças e um adulto. Mas é assim, sendo este um dos preços que pagamos por cá viver. Ou seja, se não tivermos uma amiga e que seja médica e boa, estamos mal. Agora imaginem os restantes 17 milhões de Moçambicanos. Pelo menos desta vez não é por causa do lixo nas redondezas.

2 comentários:

Madalena disse...

Nem sempre é fácil chegar a um diagnóstico e muito menos aí com menos meios... Mas não me parece que os médico diagnostiquem virose por estarem fartos e cansados mm. Parece-me é que a natureza prega as suas partidas a todos e a eles também. Há médicos e médicos e há-os bem dedicados. Como em todas as profissões, aliás.
Temo, sinceramente temo pela saúde de todos os que vivem em África, e tu sabes porquê! A malária é o que temo mais, mas sei que há milhares de variantes de doenças infecciosas difíceis de combater com meios razoáveis.
Que todos melhorem é o meu desejo. Eu não voltarei a África para ver morrer. Juro!

Passada disse...

Madalena: às vezes é puro desleixe sim, a falta de meios mas é uma outra verdade também. O excesso por volume de doença sem que hajam meios para as tratar e Sida. Este acumulado de doenças está a ceifar por números que nem dizemos, poderá instalar-se o pânico. Beijinho