Passada
Espumante fez-me uma dedicatória pela passagem do primeiro ano como blogard que além de delicioso, requer alguma dissertação apaixonante.
Eu não tenho dois amores, eu tenho um grande amor por África. Na sua dedicatória, Espumante fala da paixão que tenho por Moçambique, o que é verdade. É algo difícil de explicar, vem das entranhas, uma sensação que nem o tal de amor à primeira vista ou o encontro da alma gémea. É assim que adoro esta terra, sim.
A escolha, está feita. Conturbada, controversa (porque serei sempre uma estrangeira no país que escolhi viver), decidida, apaixonada, consciente e até simples. Não foi uma decisão difílcil, nem tão pouco vacilante. Estava pré-decidido. Era o saber que aqui, em Maputo (e reparem que nunca falei da Beira, de Nampula, Quelimane ou Lichinga) residia a terra onde me sinto em casa e onde sinto a pertença. Nunca me senti em casa em Lisboa e no entanto foi a cidade que melhor me acolheu estruturalmente assim como foi a cidade de Lisboa que me ensinou a gostar de uma cidade.
A paixão que tenho por esta terra nasce em 1984 quando fui morar para Lisboa, vinda de uma cidade Sul-Africana, racista e de um colégio duro, disciplinado. Em 1984 parto no avião com um aperto no peito por não saber quando viria a tocar a terra Moçambicana. Foi aí e assim que nasceu esta paixão. Estava a largar de novo a minha terra, a primeira vez foi de Angola. Estranhamente da África do Sul nunca tive essa sensação.
Daí para a frente foi um circular na segunda circular todos os dias a ver a saída para o aeorporto e rolar na minha mente a data e a oportunidade para voltar.
Até voltar e não mais voltar. Porque já voltei, finalmente à terra.
As características específicas que me fazem apaixonar por esta cidade já as mencionei largas vezes em posts anteriores. Mas nunca antes tinha eu sido "lida" desta forma.
Não existe, infelizmente se calhar, quem sabe, a indecisão ou a dualidade. Existem claramente sentimentos para com Portugal que nunca mos serão retirados e que são positivos, mas não fazem casa. Como existem situações extremamente negativas daqui onde moro.
Mas a grande vantagem de um país sobre o outro é precisamente a paixão e essa vai assumidamente para Moçambique.
Agora sejamos realistas. Adorei a cidade de Paris, conseguia viver lá dois anos, e a Inglaterra (já não vivia pela chuva) ou Vienna de Austria, Espanha (que nada me diz e é lindíssimo). Mas gostar e beber estas culturas não fazem delas a minha.
Não, não me identifico com barbaridades aqui cometidas, nem a total falta de condições humanas e estrutura social para o desenvolvimento, mas se calhar identifico-me bem com a força de vontade que este povo tem para ter paz, comida para dar aos filhos e criar. Moçambicanos adoram criar, criar. Sem escola de Belas Artes criam pinturas, esculturas e danças como ninguém. Não existe formação superior mas a sua existência é superior.
E ver esse evoluir é um previlégio único. Por fim Moçambicano procura-se, que nem eu.
Estamos juntos, é "ultimately" a expressão figurativa da realidade.
A ti Pai, o maior responsável pela paixão que tenho por esta terra pela tua própria paixão.
quarta-feira, julho 13, 2005
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7 comentários:
Compreendo-te como não imaginas! Moçambique também ocupa um lugar muito especial no meu coração, com a particularidade de eu nunca aí ter vivido: bebi as histórias dos avós e da mãe e ficou-me esta sensação de que uma parte de mim se preencheria aí! E também percebo quando falas do Maputo: para mim é a Beira.
Beijos
É lindo: moçambicano procura-se que nem eu!
Um beijinho Passadita!
vim até este blog através do blog do espumante e só quero dizer que fiquei arrepiada ao ler este post. Imagino que realmente haja muitas diferenças entre as pessoas de cada cidade e de cada país e com certeza que a força de vontade é muito superior á nossa. nós acomodamo-nos...
Minha querida Mada, é a pura verdade e as coisas sentidas da alma não tem como contornar, não é assim?
Claúdia, obrigada pela tua visita. Bem hajas a este canto. Acomodação é uma palavra, uma acção que dificilmente se acomodou à minha vida! É tipo um previlégio para mim...:) beijinhos
Pois acabaste de resumir o que sempre me foi na alma.
O difícil é conviver com estes sentimentos sendo obrigado a viver longe.
...mas gosto mais de Moçambique fora de Maputo, gostando imenso de Maputo.
Olá Laura
Obrigada pelo comentário. Entende que falo de Maputo pelo meu total desconheciemtno relativo às outras cidades, salvo umas poucas em férias. Pode ser que este cenário mude em breve. És sempre benvinda à casa. Beijinhos
Acabo de falar com o teu papá ao telefone. Eu também devia estar a almoçar com a Pitucha, a Tshelf e o teu papá, mas a minha vida de família hoje não permitiu. Mas liguei e falei.Perguntei por ti e disse o quanto gostaria de te conhecer também.Felicidades para ti!Beijinhos!
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