Estudei artes gráficas e sou na essência de África,a minha confusão começa aqui.
Negro foi sempre aquela "cor" definida com uma carga dramática impressionante, própria para encaixar vazios ou completar contrastes, acumulação de todas as cores.
Preto é uma palavra carregada de insulto e históricamente utilizada para se referir a aquelas pessoas menos brancas com uma carga de "insulto".
No entanto pessoas com a cor preta ou negra, na realidade conheço muito poucos, mais lá para o centro de África tudo o resto é um castanho mais claro ou menos escuro.
Na realidade estas pessoas não são nem negras nem pretas, no seu verdadeiro sentido da palavra, são de facto castanhas.
Branco, é aquela cor que reflete, ausente de qualquer outra cor e que também é utilizada para o contraste e emprestar espaços e atribuir uma variação de uma qualquer outra cor.
Mas não existe outra cor para definir as pessoas brancas e no entanto elas também não são brancas como o branco que conhecemos e nos é ensinado nas escolas. Podem ir do cor de rosa a uma total ausência de cor ou pigmentação e passando pelos castanhos mais claros.
Eu pessoalmente tenho alguma dificuldade em chamar as pessoas menos brancas de negros porque esta palavra para mim é carregada de maior negativismo do que o preto.
Então em que é que ficamos, porque dizer que uma pessoa é branca e chamá-la de Europeu é um erro, existe pretos ou negros da Europa. Dizer que um Africano pressuponha que seja preto ou negro é também um erro porque existe brancos de África.
No caso dos Asiáticos é diferente, são amarelos. Aqui também há erro porque o amarelo que eu conheço das cores nada tem a haver com o amarelo que resolvemos considerar aos Asiáticos. De novo a variação do castanho mais claro, menos claro.
Não falarei das migrações porque aqui e até à data parece que viemos todos de África, segundo a comunidade científca e histórica da humanidade.
Também sabemos que as características de uns de outros resultam de acordo com as adaptações climatéricas. Se o frio desenvolveu mais uns que outros, dá isso direito aos mais desenvolvidos terem a atitude menos desenvolvida em relação aos que não se desenvolveram?
Há claramente aqui um equívoco de postura perante toda esta confusão de cores. É que amarelo é amarelo e cor de vinho é cor de vinho. Tal como a matemática não podemos andar aqui a chamar cores a cores que não o são.
O lado social da questão, qualquer psicólogo vos dirá que assim é. Atribuímos sentidos e significados às cores de acordo com a experiência de cada um, mas as cores não mudam na sua génese.
Andamos é todos aqui um pouco, se calhar sem problemas de fundo de sobrevivência e resolvemos por isso arranjar confusão com as cores. E que confusão isto virou de facto.
A definição: preto é o branco e que vai progressivamente ficando menos branco à medida que se vai aumentando a percentagem do preto, no branco. Tanto o preto como o branco na tela só servem para escurecer ou aclarar a cor de base que se está a utilizar. Se utilizamos o amarelo e queremos dar uma variante do próprio amarelo então utilizamos o branco ou preto, nunca outra cor porque aí alteramos o amarelo.
Sugiro que em vez de andarmos aqui a chamar as pessoas pela sua cor, passemos a chamar pela sua espécie (mamífero etc) que dá menos confusão e não provoca confusão pelo menos em pessoas como eu que trabalho com cores.
E basta ler jornais para ver a confusão, uns chamam de negro outro de pretos, uns de brancos outros de Europeus. Tão a ver a confusão?
Um ladrão pode ter qualquer cor.
Um assasino pode ter qualquer cor.
Um cientista pode ter qualquer cor.
No fundo o que varia de facto são as experiências de cada um, a formação de cada um, e a tal de alma que ninguém conseguiu ainda explicar como deve ser e por fim o carácter, o DNA que recebemos dos nossos pais, os nossos pais dos nossos avós e por aí fora.
Vamos tentar não misturar a política mas que não seja criada a ideia de que o que é "branco" está certo e o que é "preto" está errado. Isso é que não funciona por razões claras, é tudo humano. Até porque a nossa história já nos provou que não é bem assim que devemos funcionar.
Este texto foi inspirado após ter visto durante um zapping normal no programa do Jerry Springer show o seguinte título: Racist Mom's
segunda-feira, junho 20, 2005
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5 comentários:
Lindo Passadita querida
Vou transcrever umas linhas aqui o que postei hoje no meu Baú (Restos de Colecção):
Posso?
Um dia recordo-me de passar em frente às casas onde moravam os pobres que, em África, eram negros. As casas dos pobres em África eram palhotas. E as crianças pobres em África andavam descalças e nuas, com muito ranho no nariz. Como eu não conhecia meninos brancos nus e descalços e com ranho no nariz, a morarem em palhotas, pensei muito dentro de mim que aquilo só acontecia aos meninos que tinham tido menos sorte e tinham nascido pretos. Que sorte eu tinha tido ter nascido branca! Podia não ter tudo, mas pelo menos tinha uma casa de pedra e cal, roupa e brinquedos. Mais tarde acabei por ver meninos brancos descalços, nus e com ranho no nariz.
E, com a mesma inquietação, voltei a interrogar-me se é mesmo a sorte que determina haver ou não “a porta ao lado”.
(Este é o nome de um Romance do Guilherme de Melo)
Muits beijinhos para ti de todas as cores do mundo
Não podia estar mais de acordo com o que dizes: é tamanha evidência que pergunto-me porque há necessidade de o dizer! Aqui, perco o meu tempo a tentar não chamar as cores pelos seus nomes por razões do politicamente correcto... Agora a moda é o "de origem". Um é francês de origem magrebina, outro é inglês de origem indiana, outro ainda é português de origem cabo verdeana! E tenta juntar a isto as preferências sexuais?! E as deficiências?
E sabes que ja não se pode chamar ciganos aos ditos?
Complicado este mundo...
Beijos
Mada, obrigada enriqueceste o tema difícil que abordei. Beijos pa ti.
Pituxa, vale sempre a pena referir situações que a nós nos podem parecer estranhas. No meu caso a forma como nos referimos uns aos outros. A questão do racismo em si, é outra bem mais complexa. Beijos cheios de sol
Nesse caso Pituxa eu serei Portuguesa com origem angolana, moçambicana, sul-africana e portuguesa. Caso eu dê alguma barraca dentro das regras sociais será meio difícil culpar a origem! E a minha cor de pele é verde-azeitona!! :)
Passada
Aqui por estas bandas seria somente portuguesa e tudo o resto uma excenticidade desses portugueses que ninguém conhece, que vagamente tiveram um Império (ah sim? então a India não era inglesa) e quepersistem em dizer que têm uma língua (então, mas o português não é igual ao espanhol?). Tão excêntricos, que uma vez ouvi dizer "para que queremos nós os turcos na União europeia! Já cá temos os portugueses...
Continua a ser como tu és que é assim que nos entendemos.
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