quinta-feira, novembro 11, 2004

Maldita Malária.

Tenho tido o acompanhamento duma "blogarda" (esta é para o JPT) no meu blog e que num comment hoje toca num assunto muito sério - a malária. Este tema é deverás impressionante porque a dama de negro é já costumeira e se as estatísticas (que com todo o respeito, penso estejam erradas) não nos enganam, a malária mata mais e mais depressa que o HIV/Sida. Pelo menos nesta parte do mundo. Quando aqui voltei no já longínquo ano de 1994, fui passar o fim de ano a uma cidade a cerca de 200kms de Maputo, o Bilene. Eramos um grupo de cerca de 15 pessoas e se a memória não me falha, a malária tocou a 7 ou 9 pessoas desse grupo, demonstrando uma altíssima prevalência, num curtíssimo espaço de tempo. Foram apenas dois ou 3 dias. Desse grupo a minha irmã pequenina, quando volta para Macau, já saiu de Maputo com 42 de febre ficou logo internada de emergência no hospital em Nelspruit (nosso pai levava-nos às duas para Joanesburgo de carro), eu de regresso a Lisboa via Roma estive muito mal com diarreia cerca de 2 semanas, meu pai passados uns dias cai de cama num 11º andar, sem elevador com malária e esteve muito mal tendo perdido cerca de 10 kilos e um fígado que quase não aguentou o "baque", e uma amiguinha da minha irmã, então foi pior porque teve de fazer transfusão de sangue. Este foi um fim de ano que ficou bem marcado pela malária, e mais tarde soube eu de bilhargiose que terei apanhado na lagôa do Bilene. Felizmente não houve baixas mas já perdi uma amiga que em 3 dias se fina sem a mínima possibilidade de defesa contra este mal que nos toca, pela mordidura duma "mosquita". Este é um caso a partir da minha pessoa, é só imaginarem a quantidade de pessoas afectadas pela malária e que segundo rezam de novo as estatísticas, ceifa cerca de milhão de vidas por ano. Número muito elevado. Ano passado voltei a apanhar malária de uma cruz e fiquei de cama uma semana inteira.
Existem alguns problemas com o tratamento da malária pela resistência, acima de tudo que se vai criando aos tratamentos. Muitas pessoas chegam a esta terra a tomar remédios que por princípio "sobrecarregam" o fígado e que nem sempre previne a malária. É preciso saber. Mas a melhor forma, até hoje de prevenção da malária, é a própria prevenção: evitar ao máximo andar com o corpo exposto no final da tarde, hora em que mais aparecem, utilizar os repelentes sejam em que forma fôr, bezuntar à vontade e proteger o quarto onde se dorme (parece que os mosquitos gostam muito de dioxido de carbono que expiramos), com baygon, ligar o arcondicionado e as clássicas redes, deixando a porta do quarto sempre fechada. Sempre é melhor do que os tratamentos que não dignificam em nada o nosso fígado.Existem áreas de maior prevalência claro, mas o raio da "mosquita" ando por aí, no nosso dia-a-dia, vivemos com ela, e rezamos sempre que a mordidela que temos precisamente na veia do pé não tenha sido feita por uma mosquita e se sim, que não seja nunca a malária cerebral!

1 comentário:

Madalena disse...

Obrigada, Passada. É muito elucidativo o que dizes e, aliás, também vai ao encontro da opinião de pessoas que vão com frequência a Moçambique. Os anti-palúdicos são mesmo uma bomba no organismo e ainda por cima, alguns médicos também afirmam ser "a mosquita" já resistente a essas drogas.
Em relação ao tratamento parece também que há nos países africanos uma agressividade que vai salvando vidas: quinino intravenoso.
Devo dizer-te que é um dos meus grandes horrores, por já termos perdido uma priminha com 17 anos.
Nunca mais a vida foi igual!