sexta-feira, outubro 29, 2004

Joanesburgo contraditório.

Puxa que falta me fez esta esfera dos blogues.
Nós, aqui em Maputo temos um hábito engraçado. Viajamos 1200Kms num fim de semana, para arejar, descansar, lavar a vista dos produto novos e que por estas bandas ainda não chegam com a mesma celeridade duma europa, fazer kilómetros por alguma razão desconhecida, ir ao cinema, ver alguma família que por lá viva (é que não vivem só madeirenses e açorianos em JHB), comprar livros e...voltar. Passado o fim de semana de uma intensa movimentação que não nos caracteriza nada, já vos falo da conferência do sector privado, estes últimos 3 dias, voltamos sempre com uma sensação de estar a voltar duma cidade tipo nova york, com sede de sangue porque é insegura mas que nos maravilham alguns pontos: as casas de banho da áfrica do sul, na sua maioria são imaculadamente limpas, bem cheirosas, lavadas; os jardins e espaços verdes são zonas onde aquela gente gasta dinheiro e tempo, as autoestradas totalmente filmadas diáriamente são enormes (só em Miami é que vi estradas maiores que as da áfrica do sul, sempre com um mínino de 6 faixas para cada lado, 12 no total!), o champanhe com laranja para o pequeno almoço, ou matabicho como aqui dizemos e a total falta de cultura latina que se vive. Ás 9 da noite numa cidade pequena como a de Nelspruit a 200kms de Maputo, não se vê alma na estrada, na rua, nos restaurantes. Aliás, os sulafricanos jantam às 6 da tarde e os miudos até vão de pijama para os restaurantes e assim quando a casa chegam é só meter na cama. Fascina a edução disciplinada que as mães sulafricanas dão às suas crias.
Joanesburgo, é uma cidade bonita, com um charme anglo-saxónico e hoje já não existe estabelecimento que não tenha o café expresso, a bica, dada a enorme comunidade de italianos e portugueses que or lá vive. Quando chego duma viagem Maputo-Joanesburgo, aterro sempre num pequeno café exterior com a marca EUROPA, pelo seu expresso e facilidade de estacionamento, que é perto do parking para tomar o café e deliro sempre, sempre com a mistura humana que por lá vejo e que em Maputo apesar de ser cosmopolita, ainda não se vê por exemplo a homosexualidade activa e assumida. Em JHB é o extremo oposto. A moda, os carros, meu deus os carros tiram-nos sempre do sério, nunca passo um fim de semana sem ver pelo menos um maserati, porches muitos, jaguares, ferraris ou o clássico lamborgini. A zona onde ficamos chama-se Sandton, zona Norte de JHB para onde as massas que vivia no centro de JHB migrou toda, hoje e para quem já lá viveu, nem entro pela insegurança.
É uma cidade sem mar, sem rio e com lagos artificiais criados para que o ser humano não se sinta tão mal e com falta de iodo! À entrada passamos por minas que já nada se extrai e viraram montes/cabeços com alguma relva. É totalmente desprovido de nutrientes, nada cresce lá, mais parecendo um cemitério de minério. É uma cidade imensa a 5 mil pés de altitude e que nos faz sempre ter sono, dor de cabeça e sangramento do nariz, é que nós vivemos à beira-mar...ou seja tem a mesma altitude da Serra da Estrela. Menos ar, muita luminosidade a o apressar próprio da cidade grande. Maior que Lisboa para dar uma ideia.
Mas JHB tem um encanto próprio, pela sua história, pela sua agressividade. Nós aqui em Maputo pelo menos uma vez por mês lá vamos picar o ponto e voltar com a sensação que é bom viver numa cidade pequena como Maputo.


4 comentários:

Madalena disse...

Belo postal de JHB.
Tenho lá família. Em Welkom também. Um dia tenho de voltar a África e especialmnte à Africa do Sul, onde pela primeira vez na vida tive a sensação da grande cidade.
É que eu só conhecia LM. Nunca tinha vindo à dita Metrópole.
Beijinho

Passada disse...

Madalena, obrigada pelo teu comentário. Só não referi um ponto muito importante e que em Lisboa me fazia tanta falta. Percorremos esses kilómetros todos, com um espaço, um horizonte que a nossa própria vista não atinge. É África no seu melhor. Espaço para respirar, espaço, para deixar divagar o "stress" acumulado. JHB é um mundo só por si. Fica bem.

Nelson Reprezas disse...

...mas falta as pataniscas com arroz de feijão... os quiosques vergados ao peso dos jornais e das revistas... o 28 do Prazeres... a sardunha e o manjerico dos junhos lisboetas... a FNAC do Colombo...a luz, a luz, meu deus, a luz... a maresia da Parede, ma Marginal...o café-café, bica,da Buondi... o bruaáá da Estrela...o frio com chuva em vez do frio seco com sol...mas eu gosto de Johannesburg e ainda hoje quando lá aterro pego no carro e sigo para qualqer lado como se lá morasse.E beijinhos para Jan Smuts que continua a ser um dos mais funcionais aeropoertos que conheci. Com excepção daquela horrível "sala de xuto" para onde nos recambiam se quisermos fumar um cigarro. :)

Passada disse...

Espumante, não é possível comparar Lisboa com Maputo ou África com Europa, dois mundos de dois planetas diferentes.