Sabes, eu conheci-te ainda eu não tinha nascido. Já eu vinha a caminho deste tão estranho mundo e ao sair da barriga da minha mãe eu tinha como presente de chegada um pai.
Esse pai, este pai é especial, muito especial. Começou esta aventura de ser tua filha (acredita que não é uma tarefa lá muito fácil...) quando sofrega por vida começo a respirar e a olhar à volta sem perceber “patavina” onde estava e o que aqui vinha eu fazer. Logo aqui passaste-me tu um gene teu muito característico – o de amar a vida. Este gene que veio marcar o passo e fazer o meu caminho 35 anos depois, até hoje sigo à risca este amor, esta paixão pela vida. Que afinal é também tua.
Mais tarde, muito provavelmente reconheci, sem o saber, os braços fortes confortantes e seguros do meu pai, os teus braços. O teu carinho e total “baba” de ser menina, rechonchuda, cor-de-rosa e mais-nãosei-o-quê, que definia a tua alegria de teres uma rapariga como filha. Também aqui e logo desde o início definiste todo um caminho de exigência enorme como que por devolução do teu enorme amor por este babby, que foi a menina dos teus olhos. Visível nas correcções sejam de gramática, ortográficas ou de carácter. Ainda hoje.
Mais tarde ainda, já andava pelos meus próprios pés e em visita a um jardim zoológico, se a memória não me falha em Joanesburgo, tiraste uma fotografia a um orangotango e dedicaste umas palavritas simpáticas atrás – “ a passada quando fica amuada é parecida com o orangotango”. Na altura claro, nada entendi. Hoje, e de novo quiça sem tu próprio te aperceberes, viste com os teus próprios olhos mais uma especificidade desta tua filha, talvez das maiores e mais marcantes – a injustiça. Na altura se calhar confundida com birra, mais tarde um vínculo estreito com esta relação do justo pelo mundo fora homens e animais. A mais pequena formiga tinha o seu espaço nas minhas passadas – “cuidado pai, não pises a formiga...”. Need I say more?
Isto é um blog, isto é uma prenda de natal – não posso alrgar muito, até porque não chega por vezes o espaço físico mas sim o temporal para mostrar-mos o amor, o carinho e o afecto por um pai.
Mas preciso falar na música, essa grande professora da vida que tive e grandemente responsável por manter o meu equilíbrio naquela fase tão esquisita dos seres humanos – a adolescência. Inúmeras viagens nossas, de carro ou outro meio de transporte, esteve sempre presente a música. Ou porque cantavamos juntos em aparelhagem Blaupunkt (como é que se escreve mesmo?) ou porque me enfiavas os auscultadores no avião ou simplesmente cantavamos em águas turbulentas, no carro um Frank Sinatra ou o “Old Macdonalds had a farm...”. Como eu queria tanto esses animais e quinta. A liberdade.
Alicersaste todo o meu ser, com o caminho que percorri contigo e fez de mim (espero eu) uma filha que te orgulhes de ter, mas o mais importante foi o ter vindo para este mundo e receber de prenda um pai como tu. Não te trocaria por nenhum outro, mesmo que oferecido por Aladin ou uma bandeja de estanho.
Gosto de ti assim mesmo como és, trapalhão, vivo, inteligente, chato, com humor (bonitão ao que dizem eh,eh), exigente, carinhoso, bom condutor, aventureiro, pronto a assumir riscos e decisões, independente, conversador, humano, com gosto.
Já caiu a lágrimazita?
Estás em cada pôr-de-sol, em cada onda do Índico que me traz o sul, em cada folha, em cada rosto, em cada lágrima ou sorriso, em cada pai que existe no mundo, em cada árvore ou pétala, em cada sonho ou palavra, em cada segundo de vida que eu respiro porque és o meu pai e és uma pai que qualquer filho deste mundo adoraria ter. Porque te tenho e tenho essa sorte. Essa é a melhor prenda que eu posso ter.
Um bom natal para ti desta tua filha que te ama muito e não te esquece nunca.
sábado, dezembro 24, 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
A mim caiu a lagrimazita, Passadita querida. Muito bonito lindo este presente de Natal. tens toda a razão do mundo quando dizes que os pais ensinam as filhas a amar a vida e eu partilho contigo essa sorte de ter esse ensinamento vindo de um pai. Mil beijinhos para ti, Passadita querida e para os "todos" os que estão no teu coração de mamã-to-be, um coração muito bem apetrechado de amor, segundo vejo. Para além disso, um abraço forte, se a barriguita permitir... LOL
Beijo grande. Quando nmenos esperares vais começar a receber posts destes dirigidos a ti...
Beijos e que passes esta quadra em bgrande harmonia e amor!
Mada: Lembrei-me sim do teu pai, daí a frase "em todos os pais..." prestando assim um tributo a todos quantos por exclência merecem o reconhecimento pelo seu tributo...de pai. É que o meu está longe e não é fácil "mandar" uma prenda que caiba num saco do papai noel. Amor para dar é a parte fácil do universo, para uns. Esse abraço recebo-o, mas sem aperto por favor "quisto" já pesa. :) Beijo grande para ti e os teus.
Espumante: espero bem que sim, ora! Mas como prevejo que esta tua neta seja toda baba de pai, vamos ver se sobra alguma coisita para mim, a mãe: chata, provedora, boring, responsável, presente, exigente, sempre pronta e disponível. Vamos ver. Jocas :)
Si, probabilmente lo e
Enviar um comentário