É que dou por mim, a pensar, a viver, a sonhar, a sentir, a falar, a querer, a respirar uma gravidez. E nada nunca na minha vida me espantou tanto quanto a forma como o meu corpo se adapta literalmente a um balão que sobe, sobe.
Estou quase com sete meses dela, as opiniões externas (ao meu corpo e ao meu ser) são as de que estou pequenina, não parecendo estar já tão avançada, mas o certo é que ela - a barriga está enorme para o meu raso corpo. O tanas, isto já pesa nos meus pézinhos que mais parecem aqueles das princesas japonesas que lhes são ligados em terna idade para ficarem pequeninos, a aguentarem os 7kgs que já tenho a mais e sinceramente não imagino como me aguentaria se fossem apenas kilos de comida extra. É que não dá. Há dias viajei de avião e a minha barriguita manteve-se tão "low profile" que não usufrui dos benefício da barriguda, ninguém topou que estava de estado!!!! Hilariante, uma barriga passar despercebida.
Faço desporto diário, uma hora no tapete e exercísios de grávida, bebo muita água e como sem exageros. Foge-me aqueles apetites estranhos, não os tive e penso que não os terei. Raios, gostava tanto de ver o meu rapaz a sair de casa com meio olho aberto tipo às 04am à procura de um pedaço de cacto para comer e preencher o apetite. Mas nada.
O tempo fugiu-me e apesar de achar que isto da barriga, salvaguardando a delicia dos movimentos da catraia - é por demais pesado e duro (acreditem) porque incomóda, porque chateia o sono, porque nos faz crescer abruptamente, porque deixamos de usar os aneis e o relógio, as roupas, não deixa respirar (já vos falei nas costelas que me passaram para as costas né?) - sei que terei imensas saudades de carregar esta vida, que neste momento é só minha, toda minha carregadíssima de egoísmo. Sairá e seguirá o seu curso ciclíco natural.
Dou por mim a olhar para potenciais rapazes que EU SEI não serão boa companhia, nada trarão de acréscimo para o crescimento do ser da minha catraia e tento ainda antes do nascimento algum refreio, porque ela não é minha, não me pertence e terá o seu próprio caminho.
Hoje vejo bem o pesadelo que devo ter sido para os meus pais. No bom e no mau, um verdadeiro "aceitem como sou por favor e deixem-me crescer".
Dou por mim, mãe, dou por mim uma perfeita leôa pronta a dar a minha vida por esta.
Dou por mim com uma calma impensável para o meu carácter, o speed mental sempre foi algo com que batalhei a sério para se enquadrar nesta sociedade, no meio, nas pessoas. Agora muito calma e cada vez menos preocupada com superficicialidades (o que já era um problema grave....neste mundo), descobrindo todo um novo caminho que me nasce de um novo ser, não a minha filha mas eu. Vamos ver o que sobra de mim. Para já continuo a querer mergulhar junto de um great white, apenas uma das minhas paixões.
E no meio desta perfeita convulsão - tenho que manter a minha empresa, continuar a ser normal, gerar lucro, pagar os impostos, os ordenados e manter um ar "desculpe grávida não é inválida, posso continuar com a labuta". Descubro que este mundo não oferece grandes condições para este estado apesar de em termos médicos a coisa hoje está bem facilitada.
A minha Zaka, a cadela que mais me impressionou até hoje (adora ver o animal planet e o national geographic!!!), já se apercebe da barriga, comunica comigo, encosta-se, enrola-se lá me vai dizendo com uma subtileza estranhamente inteligente e emocional para eu não a esquecer, acho que vai proteger demasiado a minha filhota e adoptá-la como sua, já que ela maternalmente ainda não fez a sua.
Por fim sei porque cá ando. Pairava no ar alguma dúvida de sentido, só a cultura o crescimento interno, o desenvolvimento não estava a chegar e encontro finalmente algo que me sacia, mas também sei que chegará o momento em que terei retomar o meu próprio caminho recheado de experiência, de conhecimento, de pessoas, de cultura. Agora com uma asita a cobrir um outro caminho até que ela, a filhota inicie o seu próprio. Apenas posso emprestar a esperança e o guia, o resto ela terá de desbravar.
Passar-lhe o gosto pelo conhecimento e emprestar-lhe a paixão que eu própria tenho pela vida será dos meus maiores sucessos. Sim porque esta vida sem paixão, verdadeira paixão pelo mais pequeno ser, o menos sentido sentimento, a mais iluminada cor, carece de senso, de humanidade, de inteligência e do sentir.
Dedico este vagar mental ao JPT que há dias me disse da falta dos meus textos "já sentimos falta" e devolvendo-me assim a sede.
sexta-feira, dezembro 16, 2005
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8 comentários:
Este teu post é lindíssimo! E fiquei também a saber que partilhas uns dos meus sonhos: mergulhar com o great white (dentro da gaiola!) e sim, já tinha saudades dos teus posts (todos os dias vinha em vão!).
Um beijo, que tudo continue a correr bem e Boas Festas
Olá Pitucha, por aqui uns mórbidos quase 40º à sombra, é de morrer. Obrigada pelo elogio, não sou escritora mas tenho sempre aquele receio da crítica....:)
No meu caso é mais simples já que tenho Cape Town à mão de semear, é só ir mas é preciso convencer as massas aqui deste lado. Nem toda a gente partilha este estranho gosto. Beijinho para ti e mando-te daqui uns raios para esse céu cinza.
Por acaso conheço umas pessoas que gostaria de meter na cage para as levares a ver o great White. Sobretudo que o great white AS VISSE bem. Alternativamente... tudo bem. Vais tu e a Pitucha e logo se vê, receio é que o great passe ao largo :)
O teu post está muito bonito.
Uma vez o teu avô paterno apanhou-me com um grão na asa, regressado duma noitada no Bairro Alto. E disse-me: - Anda um pai a alimentar um filho com sumos de fruta, leites enriquecidos, vegetais ferrosos e polivitaminados para ele chegar aos 17 anos e ir beber uns copos ao Baitrro Alto.
Ora aí está um dos riscos de se ter um filho...
:)
beijos
P.S. O JPT não teve direito a um linquinho? Assim como é que ele vai saber que o mencionaste? É que eu acho que muita gente já desistiu de vir ao Passada depois de uma branca tão prolongada...
Last thing:
Exercise em português é exercíCio e não exercíSio :)
Estou mesmo de olhos rasos de uma emoção linda. A gravidez é a única fase da maternidade em que nos sentimos seguras de tudo em relação ao filho que está dentro de nós. E digo-te, Passadita querida, que esta ligação de dois em um permanece para lá dos anos. Até das rugas e dos cabelos brancos deles.
Mil beijinhos para ti pelo teu estado de "válida", tão cheia de todas as graças e tão consciente delas.
(PS- O teu pai é pior que um professor de Português!!!! Não deixa passar nada!!! lol)
Olá Mada querida, sempre com palavras duma energia deliciosa. Há certezas que me nasceram e desconhecia por completo. Quanto ao papá ou Daddy como lhe chamo vindo das minhas andanças escolares algo nómadas, foram também elas as responsáveis pelas minhas trocas linguísticas até hoje. Não deixa escapar nem uma...zinha. Beijos para ti
Espumante, a Madalena tem razão numa coisa (entre tantas outras), controlamos a coisa enquanto estamos de barriga, assim que nasce acabou-se. E o que de muito bom tem esta mundo, em igual proporção tem de mau. Ainda me lembro quando descubro com espanto de elefante que existem pessoas más...! Beijos
JPT, e não vou a todos porque me canso um pouco....será lá mais para o pérola aos matabichos mesmo. :)
Caramba!
Gosto de te ler!
Trazes-me sempre alguma emoção!
Nunca pares de escrever mulher!
Bom 2006!
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