quarta-feira, junho 08, 2005

O choque cultural

África do Sul (AS) é para mim, dos países mais bonitos, multiracial (mesmo, a mistura a variadíssima e grande), de grandes avanços tecnológicos, com boas infraestruturas. O país que me mostrou as grandes superfícies, ainda andava a Europa a pensar nelas, as tais autoestradas, um parque natural com vida selvagem protegida (Kruger Park) maior que Portugal, o fast food e uma estrutura social impressionante. Fora o apartheid.

O que eu não ando a aguentar são as notícias de bébés com cinco (5) meses apenas a serem violados por homens feitos.

É a terra dos grandes assasinatos, qual EUA a produzir os seus próprios serial killers, não fosse o filme "monster" ter ganho essa vertente de uma actriz ela própria com uma estória da mãe ter morto o pai.

Terra dos mais macabros efeitos violentos, terra cheia, cheíssima de gente a produzir cidades com um nível de insegurança impressionante. Visível na publicidade feita há tempos do cartão visa onde se vê uma sul africana branca na europa a telefonar em desespero para a visa porque foi assaltada lá!!!!! E no final aparece em texto "so many thousand south african citizens are robbed in europe".

Este jeito apurado, inteligente, maldoso da contra-informação que a AS é de facto campeã leva a extremos destes, e vão sempre passando.

O ódio que têm dos americanos é também ele fenomenal, chegando a ser ouvido em conversas amenas, sociais que estão prontos para os americanos e que também têm uma arma nuclear...

Eu cheguei a viver neste país, onde eu própria era demasiado "escura" para lá estar, hoje AS é um país integrado onde uma grande maioria quer o seu trabalho, tem eventualmente as questões rácicas resolvidas e pretende assegurar o futuro.

O que não está certo é a violação de bébés com 5 meses. Isso não aguento lá muito bem!

Aqui em maputo, não sabemos de nenhum caso destes, que supostamente tem a sua origem na doença HIV-Sida, pelo menos nos meios de comunicação, mas hoje num dos jornais aparece a manchete de crianças que cmeças a ser abandonadas por causa da doença.

Um misto de não saber o que fazer, como fazer e não correr o risco de perder a casa, o marido, a família do marido e ou o emprego por causa da doença.

Devagarinho entrei nesta já cansada e clássica complicação social. Tenho o hábito de dizer que a diabetes mata mais depressa, mas não parece ser o suficiente. O país onde escolhi viver por todas as razões mais do que óbvias é severamente afectado por esta doença (e outras) e estamos a ver centenas se não milhares de moçambicanos a definhar sem qualquer tipo de possibilidade de lutar contra. Apesar dos milhões que entram e tal como na europa onde um estudo provou que os milhões gastos em comunicação, as pessoas não mudaram seus hábitos sexuais i.e. continuam a ir a prostitutas sem a prevenção do preservativo etc., aqui não vai ser diferente.

Mas o tema deste post vai para todos aqueles bébés que não têm como se defender, não têm como gritar socorro apenas despejar a lágrima da dor que lhe é infligido e a todos estes homens (e mulheres?) que concebem este ato horrendo, monstruoso, deshumano tenham um final muito infeliz.

Eu sei que não se deseja o mal a ninguém, mas há "ninguéns" que mereciam o pior que este mundo tem para lhes oferecer. Não, não é pena de morte, não, isso é demasiado fácil, é ser-lhes arrancado o sexo que nem a tortura renascentista do nosso amigo Da Vinci, devagar muito devagarinho, para doer cada gota de sangue por cada penetração feita a um bébé, cada rasgão do escroto, cada veia, cada músculo, cada suspiro de ar, assim ficar não semanas mas meses, anos até apodrecer de maldade.

Meu coração torcia, quando vi a peça jornalística de um bébé com 5 meses que sobreviveu a uma violação com 3 homens, minhas lágrimas pareciam do tamanho de todos os rios do mundo (mesmo os contrários - o Nilo), as entranhas apertaram como se tivesse a ter contracções duma gravidez e desesperei ante tamanha barbaridade.

Não contarei os pormenores dos danos físicos do bébé, mas dificilmente me sairá da mente o olhar, a dor que me fez sentir por ele e da profunda tristeza que me assolou saber que pessoas maduras, crescidas tivessem tamanha coragem de fazer.

O nosso lado humano muito, muito desesperadamente ruim.

Vários escritores, pessoas, interessadas escreveram sobre a beleza que existe no olhar do bébé africano aquele olhar meigo, quiça pelos longos meses de mama, onde a capacidade de sorrir e dançar mesmo quando nada têm, é algo indiscritível pela sua magia e a ternura com que nos invade o nosso ser. Violar isto aos 5 meses de idade é crime.

4 comentários:

Passada disse...

olá Incompetente. Este assunto na é nada animado mas faz parte da nossa realidade. No caso do meu post não creio que se tenha tratado de pedofilia mas sim estes homens queriam evitar apanhar Sida e num bébé de 5 meses é de facto reduzida a chance, só que se enganam, porque nascem muitos bébés seropositivos. Mas claro que há a pedofilia na AS. Tenho acompanhado o caso da casa pia, muita água vai ainda correr.

beijinhos passados

Pitucha disse...

Passada

O que dizer além da total incompreensão de se poder fazer mal, qualquer tipo de mal, a qualquer criança?
Um grande beijo

Passada disse...

Olá Pituxa
Pois não sei mesmo. Achei que devia descarregar a minha raiva aqui, com voçes.

Beijinhos solarentos e passados.

Madalena disse...

Não tenho palavras paar dizer o nojo que sinto por esses actos, que resultam não sei de que animalesca ancestralidade. Não há nos ancestrais, julgo, tão bárbara prática. Como tu, senti dores violentas e uma vergonha imensa de pertencer à mesma espécie dos que praticam tais crimes!
Por que é que dizes que deixaste de ter lugar cativo? Este post é que foi mais difícil comentar...
Em relação à AS compreendi perfeitamente a noção de modernidade que, entre eles, já é velha. Eu própria senti isso quando aí estive há quarenta anos.
Um beijinho Passadita querida.