quarta-feira, maio 25, 2005

Passada pelo futebol

Espumadamente, falou e disse neste artigo aquilo que já vivi pela terceira vez consecutiva e que é digno de registar.

Além de eu ter filmado este evento, a vitória do Benfica, aqui na praça Robert Mugabe, constituiu talvez das mais marcantes não só pela crescente quantidade de adeptos, de campeonato para campeonato mas também e porque em Maputo se festejava um campeonato português.

Já está mais ou menos abordado no artigo do Espumadamente, mas e repito, é preciso viver o momento para assimilar tamanho jubilo por uma equipa que não é nacional.

Há tempos, o nosso Machado da Graça fez um artigo, na altura do Euro 2004, onde os Moçambicanos "torciam" pelos Portugueses e onde pela TV seríamos todos colonizados pelo futebol (que dirá ele das telenovelas brasileiras e agora a crescente parceria com uma das nossas televisões) e onde ao que parece teve respostas de um autor anónimo, onde questionava o porquê de tanta estranheza nestes festejos.

Moçambique e Portugal, pelo bom e pelo mau têm um histórico referencial comum na sua vivência, mas acima de tudo e o mais importante é que no desporto não se discute política (apesar de tanta existir: apitos dourados, prateados, platinados...), joga-se e promove-se o intercâmbio cultural, o fair play, a exuberação dos sentimento e da emoção antes clássicamente pelos homens, hoje as mulheres estão lá todas a gritar com os mesmos decibéis.

O desporto aqui em Moçambique, mais pelo futebol, a grande alavanca dessa área, tem vindo a ter impulso, crescimento e consequente aderência e não tarda muito estaremos a ver em Lisboa, no Porto e no Algarve multidões de Moçambicanos a gritar pelo Maxaquene, Desportivo ou o Costa do Sol em plena esplanada juntamente com Portugueses e quiça Brasileiros e Eslovenos.

Improvavel mas não impossível. Cero, certo e tenho o registo filmado, foram centenas devem ter chegado a ser milhares de pessoas e viaturas na praça a cantar o SLB, com luzes, piscas, boa disposição e a festejar aquela que é a área de maior engajamento cultural, concorrendo assim com a música.

Bem haja o desporto.

4 comentários:

Pitucha disse...

Não sabes a inveja que tenho de ti! Ainda não parei de pensar naquilo que disseste noutro post, de que é aí que as coisas vão acontecer. Acho que tens razão. Mas eu não tenho a coragem suficiente de largar tudo e de assentar arraiais aí.
Resta-me viver esses eventos através de ti. Vês a responsabilidade?
Beijos

Passada disse...

Pituxa, por isso passei eu por muitos anos em Lisboa, até.... que decidi e foi assim mesmo. A responsabilidade é idêntica aí ou aqui (talvez um pouco mais pesadita deste lado) mas trata-se de opção de vida mesmo. Eu sempre quis África, a ela pertenço. Beijos passados.

RjL disse...

Por acaso li o artigo do Machado da Graça e tb do João Craveirinha e fiquei estupfacto como se podem misturar as coisas.
Quer queiram quer não, para o bem e para o mal estremos sempre ligados, ou aproximados. Por isso não é de estranhar estes festejos, tb nós portugueses torcemos pelo Brasil qd este joga.
Aquando do Mundial hóquei em patins realizado em Portugal, a que eu assisti, os portugueses que enchiam o pavilhão sempre apoiaram a selecção moçambicana e a angolana. Em todos os jogos.
Quererá isto dizer alguma coisa? Será que ainda somos uma potencia colonial que utiliza o futebol para escravizar os oprimidos povos de África?
Quem se escandaliza, não sabe do que fala certamente.

Passada disse...

Olá Menosad, obrigada pela tua contribuição. Ontem saiu de novo um artigo do Machado da Graça no Correio da Manhã, onde ele faz uma abordagem muito mais "soft", até porque nesta edição de festejos não houve dúvida ou hipótese. Deixou de ser uma "minoria" e passou a ser uma realidade um pouco mais vincada.
Por outro lado a questão "colonizador" hoje só mora nas mentes talvez ainda frescas desse mal que nunca deixará o histórico relacional com Portugal. Será o preço a pagar, mas claro hoje são os netos desses portuguese que aqui estão (mais algumas aberrações incomentáveis), seria o mesmo que fazer os netos de moçambicanos que cometeram barbaridades pagar a factura também, não? Lá chegaremos um dia. Um abraço