terça-feira, novembro 30, 2004

A arte da maldade.

Fransisco Noa, acaba o seu artigo na revista Mais (Dez. 04) desta maneira: "...no essencial, continua (a Noémia de Sousa) a ensinar-nos que se pode tirar tudo às pessoas, menos a capacidade de pensar e sonhar".
Concentro-me na penúltima palavra - ao de pensar. Não tem preço estipulado, tangível unicamente pelas obras que vamos deixando pelo mundo fora e a origem de muitas invejas, dissabores, angústias e alegrias. É o nosso pensar que nos define no todo, o corpo depois acompanha-nos (um desportista vai rebater com dentes tal afirmação). Algumas destas obras são apenas existentes pela sua maldade pura. Digo pura porque, tendemos a culpabilizar a para-psicologia, a religião (é obra de satanás...) ou meras crenças tradicionais das avós, dos ante-passados (mas valha-nos esse passado meu deus), até porque clinicamente nem sempre se consegue explicar o inexplicável. Só assim.
Como todas as artes, a da maldade tem de ser aprendida, com o que caracteriza o crescer dum ser, o que o rodeia, a educação que os pais e familiares atribuem e depois temos o tal inexplicável, da alma. "Aquele apenas tem um fundo mau" "Ele ou ela é assim, nada a fazer" , como me irritam este tipo de expressões porque e se me permitem não se agarra o touro pelo corno e assim evitamos pelo conforto de tocarmos ou aprofundarmos assuntos que virão milindrar sensibilidades, políticas, religiões ou tradiºões, ou tão simplesmente as regras que nos regem enquanto seres duma sociedade.
Há maldades que dificilmente serão caracterizáveis pela sua génese, esse tipo de maldade só pretende o mal, mais nada, mas há uma maldade que me agoniza específicamente, a que resulta da inveja. Porquê? Carece de pensamento, carece de um fundo ou base que justifique a maldade que não seja por não ter ou o mais importante, não ser. Esta última talvez a mais sensível senão vejamos: posso ser invejada porque tenho um kilo a menos (que culpa tenha eu disso?), posso ser invejada porque trabalho (meus caros falamos do simples acto de trabalhar para ganhar a vida e ter oportunidades materiais e de concretizar os tais sonhos) e porque há quem não goste nada de trabalhar (entre dinheiro e poder, creio ser esta a base das diferenças políticas), posso ser invejada porque tenho esta cor e o vizinho do lado não tem, posso ser invejada porque penso. Se repararmos, dificilmente podemos controlar a inveja, porque e muitas das vezes são elementos que nos caracterizam como seres humanos. Prefiro não falar na questão material do assunto.
Hoje disseram-me que eu devo é escrever sobre os pássaros e o tempo, vejo-me algo agredida naquilo que eu sou apenas por natureza. Raramente vejo a maldade (ainda bem senão era capaz de dar um tiro na cabeça dado que ela existe sim e com abundância) e esteja protegida por isso mesmo. Mas o que eu não suporto mesmo é retrair o que sou, apenas por o ser e viver duma culpabilização que me é exterior, alheia.
Estou nos "intas" e começa a ser um pouco, muito difícil continuar a retrair o que não é retraível.
Existem alguns blogs aqui e aí, digamos de língua oficial portuguesa, que na sua génese não adiantam nada para este processo tão difícil de portugueses que vivem em áfrica ou pelo menos em Moçambique. Todos e alguns com receio de chamra as "coisas" pelso nomes e dar nomes às coisas. O Português é racista. O Moçambicano é racista. O Alemão é racista. Podemos mudar as nacionalidades o que importa é que os seres humanos, mas não todos, são racistas. Outros há que são apenas invejosos, seja do que for. Mas para mim, o que caracteriza, vejamos, a maldade, o racismo, a inveja (sem os querer meter todos na mesma panela, não é possível), é apenas a falta de informação na sua generalidade, o conhecimento. A ignorância.
O perigo é quando temos a maldade, a inveja o racismo de pessoas que pensam, que são inteligentes e manobram tudo o resto. As consequências são tardias, formativas de gerações inteiras e o trabalho de alguns vai ficando na gaveta para despacho!

1 comentário:

Nelson Reprezas disse...

... acusaste o toque. Mas entendeste-me mal. Beijinhos :))))